segunda-feira, 24 de março de 2014

Eu, o tempo e a indesejada das gentes

Sempre me pego remoendo questões a respeito do tempo.
Quanto tempo ainda me resta para ficar deitado na rede diante da TV vendo desenho animado?
 
Quanto tempo já desperdicei nas filas de banco?
Quanto tempo ainda tenho para tomar cerveja com alguns bons amigos naquele boteco legal?
Quanto tempo ainda me sobra para acarinhar quem eu amo?
Quanto tempo à internet roubou de mim?
Quanto tempo será que dediquei a quem não merecia minha atenção?
Quanto tempo fiquei parado esperando o sinal abrir?
Quanto tempo silenciei para ouvir os passarinhos?
Quanto tempo ainda vou recear pedir desculpas a quem eu causei alguma dor?
Quanto tempo falta para realizar meus sonhos malucos de sonhador?
Quanto tempo dediquei a cuidar de um jardim?
Quanto tempo faz que não rezo para o meu anjo da guarda?
Quanto tempo guardei desnecessariamente um segredo inútil?
Quanto tempo para o meu encontro definitivo com o tempo infinito?
Quanto tempo levarei para entender que a vida tem que ser vivida em sua plenitude?
 Quanto tempo ainda tenho até receber o abraço iniludível, frio e final da indesejada das gentes?  


por Bruno Paulino

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