Lendo essa coletânea de crônicas –
A Menina da Chuva (Premius, 2013) - lembrei-me
da célebre frase de Mies Van der Rohe, "Weniger ist mehr" (menos é
mais), que encerra de modo muito conciso - como não poderia deixar de ser - a idéia
central do minimalismo: produzir o efeito estético a partir da simplicidade,
tarefa das mais complexas, paradoxalmente.
Pois o autor de Quixeramobim
cumpre a tarefa a que se propõe, tão fiel a essa meta de simplicidade que chega
a dedicar-lhe um dos textos. De modo despretensioso encadeia suas contas de
lirismo, hora flertando com o conto, hora com o ensaio, hora com o texto
memorialista.
E não se pense que o minimalismo do livro o priva
das camadas de significado que caracterizam a Literatura com "L"
maiúsculo. É possível vislumbrar aqui acolá piscadelas no texto (umas mais
sutis, outras menos) que estabelecem o diálogo com Machado, Bandeira, Lewis
Carroll, Moreira Campos, Rubem Braga, entre muitos. Os temas cotidianos não
impedem que se vejam ali até elaborações metafísicas de certo cunho budista.
Enfim, A Menina da Chuva foi uma boa companhia para
a tarde chuvosa de hoje em Quixadá.
Por Fabio Pacheco - Médico
Quixadaense.
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