Rachel de Queiroz, na crônica Conversa de Menino, conta
à história de uma conversa sua com um menino inteligente que lhe fez uma visita
- menino inteligente será uma redundância? Bom, o menino era nascido num
apartamento – narra a escritora – e confundia pera com goiaba, e não
conhecia um jardim. Creio que ainda existem casas com jardins em nosso
tempo. E realmente deve existir hoje uma infinidade de meninos que moram
trancafiados em apartamentos.
Enfim, depois de aprontar algumas na casa de Rachel, o menino na
conversa foi indagado pela escritora do que ele queria ser, ao que prontamente
respondeu: queria ser cachorro. Daí confesso que fiquei admirado com a resposta
do menino, por sua inteligência, sua sutil metáfora, explico: até onde é de meu
conhecimento, não era muito bem vista naquela época (inicio da década de 50) a
ideia da morada de cachorros em apartamentos. Ou seja, o menino queria ter
liberdade, ser feito os cachorros que dormiam guardando os jardins, fora das
casas, sob a proteção da lua. O menino queria ser menino...
Por Bruno Paulino
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