sábado, 4 de janeiro de 2014

Quixeramobim, França e Macondo.

Encontrei nesses dias com o sociólogo e tradutor Samuel Cavalcante, enquanto o mesmo visitava Quixeramobim – sua terra natal.  Tivemos uma conversa bacana sobre literatura, músicas da era de ouro do rádio, morar na frança, personagens folclóricos de cidades pequenas, sobre a Macondo imaginaria de  Gabriel García Márquez, e claro, conversamos sobre o Quixeramobim de ontem e hoje. No fim trocamos alguns livros e Samuel me presenteou com seu último trabalho de tradução: Daniel Bensaid: Espetáculo, Fetichismo, e Ideologia (Pebleu Gabinete de Leitura – 2013). Além  de  me apresentar o seu blog, www.outsiderzen.blogspot.com.br do qual extrai o poema abaixo:

Quixeramobim (Samuel Cavalcante)

Quando nasci
Não sabia que havia nascido no centro do mundo.
Filho legítimo da caatinga,
Mas de pai desconhecido...
Talvez minha mãe tenha sido fecundada pela constelação de escorpião - estrelas que velam as minhas noites e que são sempre as primeiras que vejo quando me permito olhar pra cima.
Talvez tenha sido fecunda pela água, tão rara que não canso de admirar o milagre que é sua queda do céu!
Ou pelas pedras dessa paisagem, cujas formas sempre alimentaram minha fantasia...
Agradeço o fato de não ter pai
E assim poder vê-lo em todo canto.
Um pai feito de sonho e melancolia
Mas sempre presente
Aonde quer que eu vá...
Nasci no centro do mundo.
Quixeramobim, minha Macondo!
Minha Lisboa infinita!
Minha Dublin chuvosa em meio aos cactos.
O sol se ajoelha diante de ti todo fim de tarde
E repousa suas mãos flamejantes na serra de Santa Maria
Para espalhar essa luz entre dourada e laranja
Nos teus campos secos.
A caatinga dorme, esperando o regresso do marido                                                                         Que vem com as chuvas.

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